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Por que nos surpreendemos ao ver uma mulher inserida no mercado de trabalho da tecnologia?

Introdução 

A luta das mulheres pelo seu espaço e reconhecimento igualitário no mercado de trabalho persiste. Analisando a história um pouco mais de perto, conseguimos perceber que a mulher teve sua inclusão nos ofícios profissionais não pelo entendimento da sociedade como necessidade do sexo feminino no ramo, mas sim, por mão de obra mais fácil, necessidade de oportunidade, salários menores e vulnerabilidade.  

“A partir da década de 1960, os questionamentos que emergiram quanto ao papel de esposa e mãe ser fonte exclusiva de satisfação para as mulheres levaram a movimentos feministas de luta pela igualdade de acesso e representação da vida pública, rejeitando as construções culturais de comportamentos e ocupações apropriados para cada sexo” (CALÀS; SMIRCICH, 1996). Desde então, mulheres vêm quebrando barreiras contra as construções de papéis específicos para cada sexo. 

Com o passar das décadas, observamos novas configurações familiares, onde mulheres que até então, eram responsáveis por cuidar de suas casas e seus filhos, assumem o papel de provedoras da família, casais passam a dividir responsabilidades e se tornam cada vez mais ativas economicamente. Deste modo, as mulheres passaram a ocupar cada vez mais espaço no mercado de trabalho e se destacaram por apresentar características cada vez mais demandadas por empresas.

Todavia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 20% dos profissionais que atuam no mercado de TI são mulheres. A causa em si, não está atrelada ao grau de educação, já que de acordo com o mesmo, há indicação de que profissionais da área do sexo feminino têm grau de instrução mais elevado que o dos homens do setor no Brasil.

Logo, neste artigo, trataremos sobre a presença feminina em um ambiente o qual persiste o senso de ser único e exclusivamente masculino: o mercado de TI.

Desenvolvimento

Além de colher experiências pessoais, realizamos uma pesquisa de campo através da aplicação de um formulário para análise da atual imagem da presença feminina no área da Tecnologia da Informação. A finalidade atingida foi obter maior número de respostas, as quais agregam com opiniões e questionamentos diversos sobre o cenário, o objetivo, reconhecer a visão dos participantes sobre a ausência feminina no mercado tecnológico.

Nos resultados do questionário, 62% das pessoas disseram que não conhecem nenhuma mulher com um cargo de liderança no mercado tecnológico e 94,8% das pessoas disseram que acreditam que as mulheres sofrem preconceitos nesse ramo de atuação. 

Ao questionar o agente de causa deste cenário aos entrevistados, uma quantidade relevante responderam, em texto livre, sobre o preconceito de gênero, o enraizamento cultural sobre “áreas masculinas”, assim como a ausência de incentivo às mulheres no setor.

Apesar de todo este cenário enfrentado pelas mulheres para alcançar cargos e papéis enraizados, acreditamos na evolução social constante para mudança desses pensamentos e preconceitos de gênero. “Os estudos de gênero vêm comprovando que o comportamento social dos sexos não é determinado pelos sexos, são papéis sociais construídos ao longo do tempo e que, portanto, podem ser modificados” (CASTRO, 2013). 

Hoje, a presença feminina tem papel fundamental no mercado de trabalho, toda a criação recebida durante a infância (e num aspecto social, em toda a história entre diferenciação de gêneros) gera reflexos no papel da mulher no ambiente corporativo. A presença feminina destaca-se por seu perfil colaborativo, o qual a mulher por muitas vezes, prioriza a atividades do grupo e possui ações de cuidado com o ambiente de trabalho e com as pessoas. É visto que mulheres sempre foram consideradas mais sensíveis, entretanto isso é extremamente atribuído e relacionado a uma das soft skills mais procuradas no mercado de trabalho atualmente, a empatia.

Algumas mulheres fazem parte da história dessa luta constante e devem servir de inspiração para que este cenário seja cada vez mais igualitário. Em 1999, Susan Wojcicki tornou-se a 16º funcionária do Google, assumindo o papel de Gerente de Marketing. Atualmente, Susan é Chief Executive Director (CEO) do Youtube, sendo considerada uma das mulheres mais influentes dentro do mundo da tecnologia. Ursula Burs, outro relevante exemplo, é a primeira mulher negra a liderar uma corporação nos Estados Unidos, tendo entrado em 1980 como estagiária na Xerox, ela tornou-se CEO da empresa em 2009.

Conclusão 

Explorando as visões advindas do questionário e textos complementares, podemos entender que um dos principais fatores obstantes ao interesse das mulheres na área citada é a construção social entre tecnologia e masculinidade, visto que foram moldadas à tarefas relacionadas ao cuidado e à comunicação.

O mundo ainda possui muitos conceitos enraizados na sociedade sobre separação de tarefas masculinas e femininas. Nós, mulheres, persistimos em uma luta diária e constante para conquistar nosso espaço igualitário com o mercado de trabalho.

Nunca desistimos, e isso não vem de agora, lidamos com diferenças sociais e principalmente salariais até hoje, por isso essa caminhada não será  fácil e nem curta. Deste modo, se faz necessário uma desconstrução da estrutura e principalmente do  pensamento patriarcal,  para que a mulher possa enfim consolidar seu papel, não apenas no mercado de T.I, mas também em todo o mercado de trabalho. 

Referências Bibliográficas

CASTRO, Bárbara. Os gargalos para o ingresso e a permanência das mulheres no mercado de TI, no Brasil. Os gargalos para o ingresso e a permanência das mulheres no mercado de TI, no Brasil, [s. l.], 18 out. 2013. 

MEDEIROS, Cintia Rodrigues de Oliveira; BORGES, Jacquelaine Florindo. “Abram-se às Mulheres Todas as Portas!”: Conversas em Blogs de Mulheres em Carreira de TI. Revista Administração em Diálogo ISSN 2178-0080 Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, [S. l.], v. 16, p. 27-54, 1 abr. 2014. 

JONES, Nicolette; GARRETT, Brianne; BURHO, Erika. MULHERES DE PODER. Os 100 do mundo – Mulheres Mais Poderosas, [s. l.], 12 dez. 2019. 

MEDEIROS, Cintia Rodrigues de O; BORGES, Jacquelaine Florindo. “ABRAM-SE ÀS MULHERES TODAS AS PORTAS!”. CONVERSAS EM BLOGS DE MULHERES EM CARREIRA DE TI, [S. l.], v. 16, n. 1, p. -, 1 set. 2020.